sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Manifesto do amor aos 25


25 anos. Nem lá nem cá. A exata metade do caminho rumo aos 30, novos 20. Onde estou? Será uma questão meramente matemática? Sendo assim, os novos 30 são os 40? Tenho que ter 10 anos de delay pra estar na média?

Não, comigo não. Sinto informar que meu delay é maior. É de no mínimo 50 anos, no Rio de Janeiro dos anos 60, vendo surgir a bossa nova e o retorno ao amor romântico, ora desacreditado. E se pudesse escolher no “delay delivery”, seria a opção menos 90 anos. Queria um amor Art Nouveau, em Paris, 1920.

Muito bem cotado está também um amor atemporal, meio Samba da Bênção, meio Afrosambas, meio Jazz, Soul, Blues (que nomes bonitos de se dizer, aliás, tão sonoros quanto as músicas que categorizam). Um pouco Acid Jazz! Ah, coloca também um amor rock and roll. “Ei, psiu, garçom, não teria como fazer um Combo, não?? Sou cliente assídua, fidelizada.”

Não. Não tem. “Minha senhora, o seu pedido é impossível. Seguro nenhum cobriria esse contrato, sinto muito. Ainda mais com esse seu histórico... Talvez lhe sirva melhor um contrato por temporada, de três meses, tem mais variedade aí.”

Tá, tudo bem. Acho que vou atrás de um amor Nouvelle Vague mesmo. Sim, excelente pedida. Um amor The Dreamers. Só um pouquinho misturado com um amor Neorealista italiano, Fellinesco. Isso, agora já sei o que busco.

O grande problema é quando começa com La Dolce Vita e termina em Chanchada.

De-vol-ve. Contrato rescindido por justa causa. Quero minha indenização! E 50 toalhas brancas.

“Senhora, não tem nada mais que a casa possa fazer. A banca quebrou. Nós vendemos ilusões, não amor verdadeiro, encontro de almas, e essas coisas que todo mundo diz que existe, mas eu mesmo, com tantos anos de experiência, nunca vi”.

Entendo. E lamento. Mas acredito ainda no amor altruísta, algo que nunca tive. Amor sem egos, sem responsabilidades a declarar pro imposto de renda e para a sociedade. Amor demais. Amor que flui, que simplesmente acontece. Amor que acalma.

Nada daquela loucura 2010 de relação precoce, que arde e queima, depois apaga. Nada de carência compartilhada. Quero defeitos compatíveis. A perfeição... é isto, afinal.

Convém agradecer a Você que só me ensinou isso e depois se expulsou da minha vida.

Quero celebrar, me sinto pronta e apta pra tal como se estivesse numa corrida esperando o sinal pra dar a largada. Alguém viu o resto do meu time?

Fico pensando... e se esse novo “way of love” se apossar dos nossos genes e for propagado gerações a fio? Preciso lutar pela sobrevivência da minha espécie. É uma questão Darwiniana, a continuidade do amor demais.

Eu, francamente, não consigo entender aqueles que conseguem, ou escolhem viver sem amar.

“Quem pagará o enterro e as flores, se eu me morrer de amores?”. Já dizia Vinícius de Moraes.

Na metade do caminho da minha geração, eu escolho voltar. Não quero me coisificar.

O amor te leva além. E no além não há limites. Entende? É a aplicação pura do conceito de liberdade.

Não existe liberdade maior do que a vivida a dois. Nem mais difícil de se encontrar.

Keep Walking.

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